Câncer de mama, e aí?

Na semana passada tive a oportunidade de assistir a uma palestra no Hospital Santa Paula, de São Paulo, com os médicos André Perina e Fábio Paganini, o primeiro responsável pelo Serviço de Cirurgia Oncológica e o segundo pelo Serviço de Reconstrução Mamária do Instituto de Oncologia do hospital.

A palestra faz parte da programação do Hospital para o Outubro Rosa, que ainda incluiu a iluminação da sede na Avenida Santo Amaro na cor símbolo da campanha, e foi aberta a pacientes, profissionais e visitantes.

E, da verdadeira aula que tivemos ao ouvir estes médicos, gostaria de destacar alguns pontos importantes que devem estar na cabeça de todas:

1. São muitos os mitos sobre o câncer de mama. Dos que devem ser esquecidos: o tipo de sutiã que você usa, o seu desodorante ou antitranspirante e traumas não causam o câncer de mama.

2.  Do outro lado, o uso de anticoncepcional não é mito, ele realmente aumenta as chances de câncer de mama, principalmente para mulheres que apresentam outros fatores de risco. Por isso é importante discutir com seu médico outras opções.

3. Assim como os anticoncepcionais, a reposição hormonal também aumenta o risco de câncer de mama, por isso é muito importante discutir com seu médico a necessidade de sua realização, os hormônios disponíveis e riscos.

4. O diagnóstico precoce é nossa melhor arma. O gráfico que ilustra este post demonstra isso: o número de diagnósticos aumentou exponencialmente desde 1980 nos EUA, ano em que a necessidade da mamografia passou a ser ressaltada, mas a mortalidade em decorrência dele caiu.

5. Não existe uma epidemia do câncer entre mulheres mais jovens, mas sim, o número de diagnósticos de câncer de mama antes dos 40 aumentou ao longo dos últimos anos. Um dos motivos para isso é que, com o novo ritmo de vida da mulher, fatores comprovados de prevenção, como a gravidez antes dos 40 e a amamentação, foram diminuídos, do outro lado, mais mulheres tem acompanhado mais de perto sua saúde.

6. No Brasil os estados do Sul e Sudeste lideram os diagnósticos de câncer. Isso não significa que estas regiões realmente tenham mais casos, pois estas regiões também são aquelas em que existem mais campanhas de conscientização da importância da mamografia e também existem mais equipamentos a disposição da população.

7. A reconstrução mamária é uma realidade e deve ser discutida entre paciente, médico cirurgião e responsável pela reconstrução desde o momento do diagnóstico, para que possa ser encontrada a melhor opção em função da localização e tamanho do nódulo encontrado. Estudos recentes mostram que mesmo a reconstrução imediata pode ser realizada já que ela não prejudica os tratamentos seguintes à cirurgia, de quimioterapia e radioterapia.

8. Já a retirada preventiva da mama para mulheres que tenham identificado a existência dos marcadores que indicam grande risco de câncer de mama reduz o risco da ocorrência em 90%, mas aumenta a chance de infecções. Muitas vezes o acompanhamento médico severo se mostra mais eficiente.

O que não muda: MAMOGRAFIA é a diferença. O diagnóstico precoce é a diferença.

Por isso, procure seu médico, informe-se. Conhecimento também é uma arma importante nesta luta.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Simone, até mesmo os profissionais estão com informações defasadas sobre o câncer. Faz pouco tempo, um médico ortomolecular residente na minha cidade pediu que olhasse o rótulo do desodorante que uso e descontinuasse se tivesse alumínio na fórmula.
    Antigamente as mulheres também amamentavam mais, fator esse que ajuda a dificultar o desencadeamento do câncer de mama.
    Estou bastante curiosa para saber a conclusão dos profissionais brasileiros, da questão apresentada por uma pesquisa americana de que não se deve fazer tantos exames preventivos. Se falaram sobre esse assunto, por favor, me ajude sobre esse ponto.

    Off-topic: Como você já participou do BookCrossing, vim te avisar que foi lançada a campanha para o 5º BookCrossing Blogueiro que acontecerá do dia 08 ao dia 16 de Novembro.

    Boa semana!! 🙂

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    1. Oi Luma! Uma coisa que eles falaram foi sobre o auto-exame: eles falam que é importante que ampulheta conheça seu corpo, até para perceber mais facilmente alguma mudança, mas confirmaram que o auto-exame só detecta tumores muito grandes, ou seja não tem utilidade.

      De resto reforçaram que a mamografia após os 40 anos é fundamental, mas antes disso exames como ressonância e ultrassom valem mais pra quem tem risco na família que para a população em geral.

      Vi seu recado no facebook e teu post, semana passada acabou sendo atípica, só estou lendo posts de quarta pra cá. Vou participar sim!! Beijos

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