Pesquisa de escola: na rede ou no livro?

Terceira série. Acabou-se a fase de alfabetização e agora a filhota foi apresentada a pesquisa escolar. Achei muito legal que junto do primeiro pedido recebemos um roteiro sobre como o trabalho deveria ser feito, formato, tipo de papel, ordem das informações, tudo bem explicadinho, ideal para uma marinheira de primeira viagem.

Além do roteiro um pedido: que a pesquisa não fosse feita só na internet, mas também em livros.

Achei muito legal a sacada da escola, não que eu tenha qualquer coisa contra a pesquisa na rede, mas por achar que a criançada precisa primeiro passar pelos livros, entender o que é índice, dar a primeira lida no texto sem compromisso, a segunda destacando o que é importante, a terceira verificando se todas as respostas foram encontradas, a quarta para resumir a ideia principal.

Então saímos eu e a filhota em busca de fontes. No primeiro trabalho, confesso, apelamos para a rede. Ele era sobre Willian Shakespeare e eu não tinha nenhum livro com resumo da vida do autor que fosse simples para uma criança. No segundo agradeci pelo meu apego aos livros e entreguei para a Carol a Coleção Infantil Abril Cultural, feita por meus pais quando eu ainda era criança e guardada com todo o carinho.

Essa coleção é do final dos anos 70 e traz um livro para cada assunto, de forma muito ilustrada e texto simples de entender. Você pode achar: mas estão desatualizados! E eu respondo: não. Muita coisa mudou neste mundo em 30 anos, mas muita coisa também não mudou. O que é a água, qual seu ciclo, como ela pode ser usada para gerar energia, como nosso corpo a usa, nada disso mudou.

O mesmo para as ferrovias, a eletricidade, a poluição, as cidades. Um ou outro assunto com certeza precisará de complementação com informações mais modernas, mas a base está ali, acessível e fácil.

Quanto a Shakespeare: já pedi ao meu pai que me dê a enciclopédia TUDO guardada lá na casa dele. Para quem não conhece, essa enciclopédia da Abril é formada por dois livrões e cada assunto é abordado no máximo em 2 parágrafos. Então ela tem de tudo, mas bem resumido. Lá se fala de Shakespeare de forma curtinha, principais informações, bem na medida para uma pesquisa escolar de terceiro ano.

E isso tudo aconteceu enquanto, lá fora, a Enciclopédia Britânica anunciava o fim de sua edição impressa. Não deixou de ser irônico. Não deixa de ser um pouco triste. Um lado meu enxergou uma possibilidade de mercado: por que afinal a Abril não lançava uma nova edição dessa tão rica coleção (dei uma geral na rede e você só encontra a venda no Mercado Livre, nenhuma das duas completas como a minha)? Porque ninguém ia comprar…

Eu sei. E fico triste. Eu lembro do quanto foi gostoso quando meu pai ia comprando os livrinhos e eu descobria um assunto por semana… Mas fico feliz de poder contar isso pra Carol e passar os livros para ela também descobrir o mundo.

P.S. Conversando sobre o assunto com amigas vi que não foi só a escola da Carol que teve essa sacada, só que elas não tinham nada guardado. Nestes casos eu tenho duas sugestões: leve seu filho para visitar as bibliotecas públicas, lá ele vai aprender tudo isso que falei e um pouco mais. Também vale comprar a edição anual do Almanaque Abril (lembram dele?), ainda editada e disponível nas bancas. Ótima fonte de pesquisa para assuntos mais atuais.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

5 Comentários


  1. Muito pertinente seu comentario. Minha filha esta sendo alfabetizada e já percebi a tempos o pouco contato que hoje em dia as crianças tem com os livros enciclopédicos, hoje em dia até por uma questão de espaço dificilmente vc encontrará pessoas que tenham em casa tais livros.Eu mesmo ano passado me descartei de uma coleção de livros da Ciencia Ilustrada da Abril Cultural, segundo meu marido eu não precisaria pois tenho a internet, mas convenhamos eu aprendi a pesquisar em livros, frequentei bibliotecas acho que temos que fazer

    Responder

    1. Oi Claudia,
      Acho que é nosso papel mesmo fazer nossos filhos terem mais contato, porque não é sempre que a escola tem essa pegada e na correria corremos o risco de escolher o caminho mais fácil né?

      Responder

  2. Acho que o que temos que fazer é ensinar nossos filhos os dois caminhos o do livro e o da internet.E lembrar que um complementa o outro e que um te ensina a pensar e outro te dá a resposta pronta.

    Responder

  3. Si, sabe que temos sorte. A casa da minha sogra além de armazenar uma pequena bilbioteca, isto é, meu sogro tem todos os número da Digest Readers que ele coleciona, os meninos tem álbuns e mais álbuns de figurinhas, e minha sogra fez questão de guardar Enciclopédia de Ciências e a Barsa que eles compraram há anos, ela também tem muita coisa vintage que estou amando o retorno, pois trago para casa e fica tudo lindo. Agora falando em casa, nós fizemos muitas coleções também e tudo isso hoje serve de pesquisa para a Sophia. Apesar da urgência que eles têm, nós sempre incentivamos a busca nos livros, afinal é mais divertido!!! Gostei do post, bem pertinente. Bjs

    Responder

Deixe uma resposta para claudia freitasCancelar resposta