Hoje somos todos ciclistas…

“A luta pelos direitos humanos consiste na defesa dos direitos que resultam da dignidade intrínseca que todos nós compartilhamos, independentemente da cor da pele, sexo, religião ou opiniões políticas. Eu não preciso ser mulher para defender que as mulheres devem ser tratadas com respeito.

Em não preciso ser mulçumana para defender a liberdade de pensamento, consciência e religião. Eu também não preciso ser ciclista para defender que a mobilidade urbana é um dos grandes desafios socioambientais das cidades brasileiras, nem para me indignar com os riscos que essas pessoas correm devido à falta de segurança no trânsito”

Trecho do texto de Cássia Moraes, no site da Folha

Em meio a uma reunião de trabalho que durou até agora há pouco eu checava meus e-mails. Infelizmente este seria mais um dia em que os e-mails vindo dos grupos ciclistas traziam más notícias: uma ciclista morta na Avenida Paulista. Sabe, esses dias não são tão raros quanto eu gostaria que fossem.

Naquela hora ela não tinha rosto e nem se sabia dos detalhes, alguns se mobilizavam para ir até o local, no grupo das Pedalinas no Facebook se fazia uma “chamada” das meninas que costumam pedalar pela região, para ver se nenhuma era a vítima.

Vítima. Era assim que muitos falavam nos sites de notícia, nos tuítes. Ciclista, era assim nas listas de e-mail, nos grupos, entre os demais ciclistas. Adjetivos para identificar, rotular, classificar uma pessoa, um ser humano.

Uma família perdeu sua filha, amigos perderam a companheira de brincadeiras. Perdeu-se um sorriso único, perdeu-se um jeito próprio, perdeu-se uma opinião forte.

Na hora a gente perde o fôlego, vem a lágrima. Fraqueja a coragem. A vida perde um pouco do sentido.

Por segundos de pressa se perdeu uma vida. Ali, ao lado de onde se vê uma bicicleta toda branca. A Ghost Bike colocada para marcar a morte de outro ser humano, Márcia Prado, também ciclista.

Eu estava numa sala de reunião, mas vi quando a chuva chegou até a avenida, na hora em que os ciclistas, pedestres, motoristas, humanos, se encontravam para prestar uma homenagem. Parecia que o céu – para quem acredita em deuses e santos – também queria mandar sua mensagem, também queria mostrar que estava triste, que chorava conosco.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. Si, muito triste essa triste realidade da falta de respeito pelo outro, pela vida.
    Nao tenho palavras, receba meus sentimentos na esperanca de dias melhores, recheado de vida, pedaladas e menos noticias tristes.
    Forca na sua subida, sempre.
    Abracos
    Gra

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