Livros: A Guardiã da Minha Irmã

Sinopse

Anna não está doente, mas parece estar. Aos treze anos, já passou por inúmeras cirurgias, transfusões de sangue e internações, para que sua irmã mais velha, Kate, possa combater a agressiva leucemia que a castiga desde pequena. Concebida por fertilização in vitro para ser uma doadora de medula óssea perfeitamente compatível com a irmã, Anna nunca questionou seu papel, até agora. Como a maioria dos adolescentes, ela está começando a buscar sua verdadeira identidade. Mas, ao contrário da maioria dos adolescentes, ela sempre foi definida em função de sua irmã. Até o dia em que Anna toma uma decisão que para grande parte das pessoas seria inconcebível, que vai destroçar sua família e trazer consequências fatais para a irmã que ela tanto ama.

O livro A Guardiã da Minha Irmã inspiraria o filme Prova de Amor, que traz Abigail Breslin (Sinais e Miss Sushine), Sofia Vassileiva (de Medium) e Cameron Diaz no centro da dramática história de uma família devastada pelo câncer de Kate (Breslin), a filha mais velha.

Eu não conhecia o livro, nem o filme, mas, no mesmo dia, a HBO divulgava a exibição do filme e um dos blogs sobre literatura que acompanho apresentava o livro.

É claro que tudo isso despertou minha curiosidade, fosse pela temática do drama familiar, seja pelas questões éticas relacionadas as diversas escolhas feitas pela família. Eu tinha que ler e quebrei a promessa de não comprar mais livros até o final do ano e o passei na frente dos livros enfileirados do lado da cama. O filme foi assistido na mesma noite, falo dele ao final, e adianto que o final dos dois é MUITO diferente.

A forma: Jodi Picoult escolheu contar a história através dos pontos de vista das pessoas envolvidas em seu desenrolar, assim, a cada episódio você tem o nome do personagem que está falando. Você verá então não só o trio principal, mas o pai das meninas, seu irmão mais velho Jesse, o advogado de Anna e Julia, a escolhida pelo tribunal para ajudar a identificar o que move a decisão de Anna de não doar um rim para sua irmã.

A questão ética: o nascimento de Anna já é uma questão complicada. Sua concepção foi feita a partir da seleção de genes, a fim de garantir que ela fosse uma doadora perfeita para a irmã doente. A primeira doação ocorre no momento de seu nascimento, com o uso de seu cordão umbilical para a extração de células tronco. Ao longo de seus 13 anos ela será internada muitas vezes, nunca por estar doente, sempre para ajudar à irmã.

O dilema: depois de tudo isso Anna decide que não doará um rim para sua irmã, que está muito doente por culpa dos tratamentos contra o câncer, e entra com um processo judicial pedindo a emancipação médica. Ela não quer se separar de seus pais, ela apenas quer poder decidir sobre o que é feito de seu corpo.

“Na minha vida, no entanto, o prédio estava pegando fogo, uma das minhas filhas estavava lá dentro… e a única oportunidade de salva-la era mandar minha outra filha, porque ela era a única que sabia o caminho. Eu sabia que estava correndo um risco? Claro. Eu Sabia que talvez isso significasse perder as duas? Sim. Eu entendia que talvez não fosse justo pedir que ela fizesse isso? Sem dúvida. Mas eu também sabia que era a única chance que eu tinha de ficar com as duas. Foi legal? Foi moral?Foi uma loucura, uma tolice, uma crueldade? Não sei. Mas sei que foi o certo.”

As consequências: dizer que a decisão de Anna pode destruir sua família seria mentir. A doença de Kate, diagnosticada quando a menina ainda tinha três anos, fez esse trabalho muito antes. Sara praticamente não enxerga nada além da luta para que sua filha não morra. Brian usa o trabalho para fugir do sofrimento. Jesse se sente invisível e tenta chamar a atenção das formas mais destrutivas possíveis.

Se eu tivesse que dar uma definição para este livro é que ele “dói na carne”. É muito difícil você ficar do lado de alguém, porque todo mundo ali tem seus motivos para agir desta forma. Mesmo Sara, por mais questionáveis que sejam muitas de suas atitudes, acaba por ganhar sua simpatia em alguns momentos, porque ela também sofre.

É claro que é fácil classifica-lá como egoísta, em muitos momentos você tem a sensação de que ela não defende sua filha, mas se defende da dor de perdê-la. Mas seu papel nesta história não é fácil, o de nenhuma mãe é, ainda mais numa situação como essa.

“A vida às vezes fica tão atolada de detalhes que esquecemos que a estamos vivendo. Há sempre mais um compromisso, mais uma conta para pagar, mais um sintoma aparecendo, mais um dia sossegado para marcar com  um entalhe na parede de madeira. Nós sincronizamos nossos relógios, consultamos nossas agendas, existimos minuto a minuto e esquecemos completamente de dar um passo atrás e observar o que conquistamos.”

Porque, simplesmente, se você fosse mãe, você também agarraria qualquer chance de salvar seu filho.

O livro é muito bem escrito, envolve você como se você fosse um dos personagens e você, em vários momentos, gostaria de dar uma opinião, conversar com as pessoas envolvidas na trama.

P.S. No filme é muito mais difícil você defender Sara. Acho que de forma proposital eles carregam e muito a mão no egoísmo da mãe, forçando você a torcer por Anna e a ficar do seu lado. O livro é mais igualitário, mesmo quando você não entende as atitudes da mãe você consegue enxergar as razões dela e com isso dá um desconto.

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P.S. do P.S. (tem detalhes sobre os finais, leia por sua conta e risco) No filme vemos o renascer de Anna após a morte de sua irmã. A menina, que até ali se achava viva apenas com a função de ajudar sua irmã, passa a ter vida própria e a família sobrevive a partida de Kate da melhor forma possível. O final chega a ser poético.

No livro o final de inverte: por um capricho do destino é Anna que nos deixa, enquanto Kate segue com sua vida, contra todos os prognósticos. A nossa primeira reação é de revolta: como assim tirar a vida de Anna? É triste demais. É como se ela não houvesse vivido ou que sua vida tenha perdido o propósito apenas para ajudar a sua irmã. Por mais que eu tenha adorado o livro acho que seu final é um dos finais mais injustos que já vi.

A questão é que a vida da gente, na maior parte das vezes, também não é lá muito justa.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. Eu amo demais o filme, e quero muito ler o livro. E queria saber se tem algum online, ou pra baixar. Alguém me diz ? Obrigada ><

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