Livros: A Sombra do Vento

Sinopse

‘A Sombra do Vento’ é uma narrativa de ritmo eletrizante, escrita em uma prosa ora poética, ora irônica. O enredo mistura gêneros como o romance de aventuras de Alexandre Dumas, a novela gótica de Edgar Allan Poe e os folhetins amorosos de Victor Hugo. Ambientado na Barcelona franquista da primeira metade do século XX, entre os últimos raios de luz do modernismo e as trevas do pós-guerra, o romance de Zafón é uma obra sedutora, comovente e impossível de largar. Tudo começa em Barcelona, em 1945. Daniel Sempere está completando 11 anos. Ao ver o filho triste por não conseguir mais se lembrar do rosto da mãe já morta, seu pai lhe dá um presente inesquecível; em uma madrugada fantasmagórica, leva-o a um misterioso lugar no coração do centro histórico da cidade, o Cemitério dos Livros Esquecidos. O lugar, conhecido de poucos barceloneses, é uma biblioteca secreta e labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo mundo, à espera de que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar de ‘A Sombra do Vento’, do também barcelonês Julián Carax. O livro desperta no jovem e sensível Daniel um enorme fascínio por aquele autor desconhecido e sua obra, que ele descobre ser vasta. Obcecado, Daniel começa então uma busca pelos outros livros de Carax e, para sua surpresa, descobre que alguém vem queimando sistematicamente todos os exemplares de todos os livros que o autor já escreveu.

Quem primeiro me falou do livro foi meu marido, que adorou a leitura e me garantiu que eu também adoraria. Mas, como sabem, a pilha de livros ao lado da cama anda grande e eu não ia incluir mais um para disputar a atenção, então deixei de lado. Depois uma amiga querida me garantiu que era uma dos melhores livros que ela já havia lido e que eu o adoraria. Bem, diante de indicações tão certas de pessoas que tanto me conhecem, me rendi, passei A Sombra do Vento na frente da biografia de Steve Jobs e de mais uma leva da Mary Higgins Clark, preparei o espírito e… Bem, devorei o livro numa ansiedade louca para descobrir o destino do inocente Daniel.

“Bea diz que a arte de ler está morrendo muito aos poucos, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e só podemos encontrar nele o que carregamos dentro de nós, que colocamos nossa mente e alma na leitura, e que esses bens estão cada vez mais escassos.”  – Daniel

Eu não posso lhe garantir que a semelhança com Dumas, Victor Hugo e Allan Poe seja tão clara quanto a sinopse quer nos fazer parecer, mas posso lhe garantir que Carlos Ruiz Záfon é muito feliz em tornar o livro impossível de ser abandonado, em tornar seus personagens principais queridos do leitor e criar um anti-herói tão indecifrável quanto interessante.

“As vidas sem significado passam ao largo, como trens que não param na estação.” – Nuria 

Junte a isso uma escrita que flui, sem tropeços, frases de efeito impossíveis de serem esquecidas e uma forma tão delicada de falar das desgraças desta vida que, ao final, você só pode chorar apaixonado.

É impossível destacar um capítulo ou trama do livro, tudo que acontece, o tempo todo, é importante para o desdobramento final, que começa lá pela página 298. Então, um conselho: quando aqui chegar, prepare-se para não conseguir largar, mesmo que o sono esteja te derrubando e você saiba que precisará madrugar no dia seguinte.

“-Você fala como se Bea fosse um troféu.

-Não, como se fosse uma bênção – Corrigiu Fermín – Olhe, Daniel. O destino costuma estar na curva de uma esquina. Como se fosse uma linguiça, uma puta ou um vendedor de loteria: as três encarnações mais comuns. Mas uma coisa que ele não faz é visitas em domicílio. É preciso ir atrás dele.” 

E, se Daniel é inocente, Fermin é encantador em sua capacidade de filosofar sobre essa nossa difícil vida. Sem sombra de dúvida, meu personagem favorito.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Concordo em absoluto. Fermim Romero de Torres é um decifrador da existencia humana e é absurdamente sedutor.

    Meu personagem preferido, sem dúvida alguma.

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