Livros: Próxima Estação, Paris

Não é exagero algum falar que Próxima Estação, Paris é leitura obrigatória para qualquer fã da cidade luz: logo na segunda página você já se vê envolvido pelas histórias da cidade, algumas oficiais, outras nem tanto, descobertas pelo autor em seus passeios nas sombras da noite.

E a escolha das estações de metrô da cidade como fontes de suas histórias não poderia ser mais feliz: quem conhece a cidade sabe da importância destas para o dia a dia de moradores e turistas; além disso, construídas à medida que a cidade crescia, boa parte delas acaba localizada em ou perto de algum ponto estratégico, motivo pelo qual são adequadas para representar cada século da existência da antiga Lutécia.

Lorànt Deutsch, francês, mas não parisiense, já foi ator e filósofo e nas suas linhas você enxerga bem um pouco de dramaticidade, outro tanto de filosofia. Mais que tudo ele é um real apaixonado pela cidade, por consequência, se você ainda não conhece a cidade, ao ler o livro, vai desejar imensamente conhecer, quem já conhece fica dividido entre suas próprias lembranças e a vontade de retornar e ver aquele canto de rua ao qual não tinha prestado atenção da primeira vez e que agora sabe esconder algum segredo.

Alguns trechos divertidos, seguidos do nome da estação a que o capítulo se refere:

“O metrô freia com um grande rangido metálico. Na próxima? Por que não? Seria ótimo começar a minha viagem pelo berço de Paris, a île de la Cité. Aliás, talvez não seja por acaso que essa ilha tem mesmo a forma de um berço… Aqui está a própria essência da capital.” – Cité

“A colina onde São Denis foi decapitado recebeu naturalmente o nome de monte dos Mártires, que veio a dar nosso Montmartre. Mas a colina já era sagrada há muito tempo. Um templo dedicado a Mercúrio aí fora erguido pelos romanos.” – Notre-Dame-Des-Champs

“Encomendada em 1833 por Luís Felipe para ser colocada no alto da coluna Vendôme, a estátua foi daí descida em 1863 por Napoleão III para ser substituída por uma imagem mais digna: Napoleão vestido com a toga de César. A estátua de Napoleão com o chapéu de dois bicos, a mão enfiada no colete, foi primeiramente exposta na rotunda de Courbevoie. na queda do Segundo Império, esse napoleão de bronze foi jogado no Sena, a estátua escapou assim aos prussianos em 1870 e à Comuna em 1871. Repescado em 1876, foi esquecido durante 35 anos. Em 1911 encontrou enfim seu lugar nos Invalides.” – Invalides

Foi assim que aprendi sobre uma França que não tinha Paris por capital, que era dominada pelos romanos. Depois aprendi sobre Santa Genoveva e a maneira como defendeu a cidade de um exército inteiro. E então vieram os vários reis, cada um vivendo a sua maneira, mas aprendendo de que a capital não poderia ser outra. A vida moderna, a guerra… De tudo se conta um pouco, de cada coisa eu aprendi um tanto.

Uma viagem deliciosa! Só se faz necessário alguns descontos aos erros de pontuação – as vírgulas parecem orégano.

P.S. Em 2012 o livro vira filme para a TV francesa (que São Torrent nos ajude)!

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

4 Comentários


  1. “as vírgulas parecem orégano”

    pronto, adotei essa frase pra sempre! tu não imagina com o quanto de orégano eu tenho q lidar aqui no meu trabalho… hehehehe 😉

    e poxa!, sempre namoro esse livro qdo vou na Cultura, este post foi o empurrão q faltava pra comprar ele de vez. ainda não tenho uma viagem pra Paris programada, mas sei que um dia desses eu vou pra lá!

    beijo!!

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    1. Eu uso muito isso, definitivamente o povo nunca aprendeu a revisar a frase e ver se existe pausa aonde não deve!!

      Saudades de você! Ia te mandar brigadeiros, mas não sei se eles sobrevivem ao sacode dos correios 🙁

      O livro é ótimo mesmo, lê logo aí vc já planeja a viagem, hehehe

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      1. ih, acho q não deixam mandar comida pelo correio, não 🙁 mas aí tu prepara uns pra mim qdo eu for pra Sampa em 2012 😉

        beijo!!!

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        1. é que eu li lá o seu texto e como amiga distante que não pode dar abraço – quando a gente se sente assim não adianta muito os outros falarem nada, mas abraços costumam funcionar – eu queria pelo menos fazer um agrado 🙂

          tbm ando meio assim deprê da vida, mas ao contrário da tua a minha não me torna lá muito produtiva…

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