Para não deixar a gentileza pelo caminho

Há alguns dias atrás recebi um gentil convite: escrever sobre gentileza no trânsito para o site Trânsito Mais Gentil da Porto Seguro. Pois eu não fui nada gentil: me comprometi a escrevê-lo e, no corre e corre do dia-a-dia, nunca o entreguei.

E isso valeu uma reflexão: quantas vezes, nessa falta de tempo em que vivemos, não deixamos de lado pequenas gentilezas? Quantas vezes não entramos no elevador do prédio, já ocupado, e nem falamos bom dia?

Cansados, estressados, então, deixamos de lado não só a gentileza como a boa educação. Na disputa para entrar pela porta do trem do metrô, ao pararmos na escada rolante do lado esquerdo, ao darmos aquela corridinha quando o farol já está quase vermelha (alguns motoristas parecem ter uma cor a mais, entre amarelo e  vermelho, que sempre garante que não fiquem parados), ao não darmos passagem, o pedestre que atravessa na faixa sem olhar, sem respeitar o farol de pedestre, ao virmos pela pista da esquerda para logo ali entrar à direita.

O que nos escapa é que essa falta de gentileza acaba por nos deixar mais tristes e, sim, mais estressados. O ato do simples sorriso ajuda não só quem recebe, mas “amolece” as feições de quem o dá.

Há um tempo atrás li Linguagem das Emoções e em determinado capítulo o autor contava como, em um estudo científico, eles conseguiram identificar que ao tentar demonstrar a expressão que fariam relacionada a determinado sentimento, as mesmas áreas do cérebro acionadas quando a emoção realmente acontecia eram acionadas, ainda que em menor intensidade. Assim, ao tentar mostrar como seria seu sorriso em um momento de extrema felicidade, a pessoa passava a se sentir mais feliz que minutos antes.

Acho que exercitar a gentileza tem tudo a ver com esse sentimentos de melhora, algo até meio egoísta: quando eu sou gentil fico tão orgulhosa de mim mesma!

E, dizem por aí, para se tornar rotina algo precisa ser praticado por pelo menos 3 meses: então vamos fazer um esforço inicial, tentar ser gentil sempre, até nos momentos mais difíceis e estressantes, como naquele congestionamento de sexta à tarde véspera de feriado prolongado, para virar rotina e podermos nos orgulhar do que fazemos?

Eu vou me esforçar e o primeiro passo está aqui, no texto que não havia escrito e num pedido de desculpas pela demora.

 

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

4 Comentários


  1. Isso aí, esses dias escrevi justo sobre isso http://arquitetandoideias.blogspot.com/2011/08/para-quem-sustentabilidade-que-tanto.html
    E vejo pipocando por aí essa necessidade das pessoas de serem humanas, de serem menos estressadas, de cultivarem valores e generosidade. Vou compartilhar esse teu post para que mais e mais pessoas se sintam estimuladas a fazer isso: ser generosas consigo mesmas, com a vida e com as pessoas.
    Abraços

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  2. Si, concordo com esta loucura e muitas vezes eu mesma fico um tempão sem visitar um asilo de velhinhos lá em Sta. Rita, que gosto tanto de ir e também não presto muita atenção nas pequenas coisas que gosto tanto. No trânsito eu procuro ao máximo ser gentil, pois já que não consigo ficar sem meu carro, pelo menos mais educada eu preciso ser. Mas, já rola uma piadinha que o adesivo da Porto Seguro é um lembrete para os outros motoristas, se eu fizer alguma besteira, não buzine, só estou sendo gentil. De qualquer forma, acho que gentileza cabe em qualquer lugar e em vários momentos.

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    1. Eli, o pessoal no twitter brinca que cada vez que alguém com um adesivo do Trânsito gentil faz uma barbeiragem um, panda morre 😛

      Agora: sim a gentileza cabe sim em qualquer lugar, na linha daquele filme Corrente do Bem: eu passo adiante e o mundo melhora um pouquinho.

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