Símbolos da paz

Simbolismo. Saindo das aulas de literatura a maior parte do pessoal foi ter contato com o simbolismo graças aos best sellers de Dan Brown, que fez disso profissão de seu personagem principal.

Símbolos. Quando a gente fala de símbolos é comum pensar em símbolos gráficos, daqueles que nos ajudam a entender algo independentemente da língua que falarmos. Que nos ajudam a nos guiar no tráfego, que nos ajudam a seguir em frente.

Saindo dos símbolos gráficos é engraçado avaliar que alguns tem mais de um significado. Pense na pomba branca. Significa paz para uma parte da população. Para outra parte simboliza o Espírito Santo.

Símbolos, quase sempre, não cabem em si.

O Dia das Mães simboliza o amor filial, mas não significa que apenas neste dia devemos demonstrar nossos sentimentos por nossas mães.

Assim como o tal Dia do Planeta e sua uma hora de luzes desligadas não significa que fazer isso perdoe os abusos do resto do ano – apesar de eu sinceramente achar que alguém que não está nem aí para o meio ambiente também não vai desligar as luzes por uma hora em um sábado a noite.

Essas datas simbolizam algo muito maior. A primeira simboliza a importância da figura da mãe. A segunda simboliza a importância de repensar nossas atitudes.

E o Desarmamento Infantil é simbólico.

Vejam bem, contraditória como sou, não acho que o desarmamento adulto, da forma que foi desenhado aqui, vai nos trazer algo realmente bom. Ele é uma solução simplista demais para um problema gigante, problema distante das armas vendidas de forma legal. Tanto que votei não no passado e votaria não novamente.

Também não acho que crianças brincando de polícia e ladrão ou jogando videogame – mesmo odiando esses jogos violentos de videogame a ponto de manter minha filha bem longe deles – se tornarão adultos problemáticos ou violentos por causa disso.

Mas vejo o simbolismo de uma campanha como a do Instituto Sou Da Paz. Vejo nela a esperança de que o mundo em que minha filha viverá no futuro seja mais próximo do mundo imaginado pelo Lucas, filho da Leonor, aonde a polícia é dispensável porque não existem mais armas.

Vejo nela pais que querem ensinar a seus filhos que o amor é mais forte, que a paz é mais importante, que a doçura ainda pode prevalecer.

Ela simboliza a vontade muito real de um mundo melhor. Ela simboliza a esperança que não se acaba.

Ela é a ação que expressa um sentimento, compartilhado pelas pessoas que escreveram essa carta abaixo, uma carta aberta cheia de desejos bons:

Que futuro terão nossos filhos?

Aproveitamos o sentimento de indignação e tristeza que nos abalou nos últimos dias para convoca-los para uma mobilização pelo futuro das nossas crianças. A tragédia absurda ocorrida na escola em Realengo (Rio de Janeiro) é resultado de uma estrutura complexa que tem regido nossa vida em sociedade. O problema vai muito além de um sujeito qualquer decidir invadir uma escola e atirar em crianças. Armas não nascem em árvores.

A coisa está feia: choramos por essas crianças, mas não podemos nos deixar abater pelo medo, nem nos submeter aos valores deturpados que têm regido nossa sociedade propiciando esse tipo de crime. Não vamos apenas chorar e reclamar: vamos assumir nossa responsabilidade, refletir, trocar ideias e compartilhar planos de ação por um futuro melhor. Então, mães e pais, como realizar uma revolução que seja capaz de mudar esses valores sociais inadequados?

Vamos agir, fazer barulho, promover mudanças! Acreditamos na mudança a longo prazo. Precisamos começar a investir nas novas gerações: a esperança está na infância. Vamos fazer nossa parte: ensinar nossos filhos pra que façam a deles.

Se desejamos alcançar uma paz real no mundo, temos de começar pelas crianças. – Gandhi

O que estamos fazendo com a infância de nossas crianças?

Com frequência pais e mães passam o dia longe dos filhos porque precisam trabalhar para manter a dinâmica do consumo desenfreado. Terceirizam os cuidados e a educação deles a pessoas cujos valores pessoais pensam conhecer e que não são os valores familiares. Acabamos dedicando pouco tempo de qualidade, quando eles mais precisam da convivência familiar. Assim, como é possível orientar, entender, detectar e reverter tanta influência externa a que estão expostos na nossa longa ausência? Estamos educando ou estamos nos enganando?

O que vemos hoje são crianças massacradas e hiperestimuladas a serem adultos competitivos desde a pré-escola. Estão constantemente expostos à padronização, competição, preconceito, discriminação, humilhação, bullying, violência, erotização precoce, consumo desenfreado, culto ao corpo, etc.

O estímulo ao consumo desenfreado é uma das maiores causas da insatisfação compulsiva de nossa sociedade e de tantos casos de depressão e episódios de violência. Daí o desejo de consumo ser a maior causa de crime entre jovens. O ter superou o ser. Isso porque a aparência é mais importante do que o caráter. Precisamos ensinar nossos filhos que a felicidade não está no que possuímos, mas no que somos. Afinal, somos o exemplo e eles repetem tudo o que fazemos e o modo como nos comportamos. E o que ensinamos a nossos filhos sobre o consumo? Como nos comportamos como consumidores? Onde levamos nossos filhos para passear com mais frequência? Em shoppings?

Quanto tempo nossos filhos passam na frente da TV? 10 desenhos por dia são 5 horas em frente à TV sentados, sem se movimentar, sem se exercitar, sendo bombardeados por mensagens nem sempre educativas e por publicidade mentirosa que incentiva o consumo desde cedo, inclusive de alimentos nada saudáveis. Mais tempo do que passam na escola ou mesmo conosco que somos seus pais!

Porque os brinquedos voltados para os meninos são geralmente incentivadores do comportamento violento como armas, guerras, monstros, luta? A masculinidade devia ser representada pela violência? Será que isso não contribui para a banalização da violência desde a infância? Quando o atirador entrou na escola com armas em punho, as crianças acharam que ele estava brincando.

Nós cidadãos precisamos apoiar ações em que acreditamos e cobrar do Estado sua implementação, como o controle de armas, segurança nas escolas, mudança na legislação penal, etc. Mas acima de qualquer coisa precisamos de pessoas melhores. Isso inclui educação formal e apoio emocional desde a infância. É hora de pensar nos filhos que queremos deixar para o mundo, para que eles possam começar a vida fazendo seu melhor. Criança precisa brincar para se desenvolver de forma sadia. É na brincadeira que elas se descobrem como indivíduos e aprendem a se relacionar com o mundo.

Nós pais precisamos dedicar mais tempo de convivência com nossos filhos e estar atentos aos sinais que mostram se estão indo bem ou não. Colocamos os filhos no mundo e somos responsáveis por eles! Eles precisam se sentir amados e amparados. Vamos orientá-los para que eles sejam médicos por amor não por status, que sejam políticos para melhorar a sociedade não por poder, funcionários públicos por competência e não pela estabilidade, juízes justos, advogados e jornalistas comprometidos com a verdade e a ética, enfim!

Precisamos cobrar mais responsabilidade das escolas que precisam se preocupar mais em educar de verdade e para um futuro de paz. Chega de escolas que tratam alunos como clientes.

Não temos mais tempo a perder. Ou todos nós, cedo ou tarde, faremos parte da estatística da violência. Convidamos todos a começar hoje. Sabemos que não é fácil. E alguma coisa nessa vida é? Vamos olhar com mais atenção para nossos filhos, vamos ser pais mais presentes, vamos cobrar mais da sociedade que nos ajude a preparar crianças melhores para um mundo melhor! Nossa proposta aqui é de união e ação para promover uma verdadeira mudança social. A mudança do medo para o AMOR, do individualismo para a FRATERNIDADE e para a EMPATIA, da violência para a GENTILEZA e a PAZ.

Ana Cláudia Bessa

Cristiane Iannacconi

Letícia Dawahri

Luciana Ivanike

Monique Futscher

Renata Matteoni

 

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Belo texto. Me fez refletir muito, precisamos pensar mais sobre que futuro queremos para os nossos filhos. Como diz a Biblía ensina o seu filho no caminho em que deve andar, devemos dar bons exemplos aos nossos filhos e tentar pelo menos dar uma ótima educação. E muito amor, carinho e atenção.

    Beijos

    Ana

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  2. Não sei porque não fazem uma campanha para desarmar os bandidos que estão soltos matando pessoas por um simples relógio ou carteira.
    O desarmamento civil e o infantil não resolvem nada e pioram as coisas.
    Por sorte estou estudando pra caramba para me mudar deste país, vou morar nos Estados Unidos, onde lá eu e minha futura família poderemos ter liberdade e poderemos praticar tiro com armas de VERDADE!

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