E a Pegada da Avenida Berrini?

berrini

Imagem de Fernando Stankuns – Creative Commons

Os prédios mais antigos da Avenida Luís Carlos Berrini carregam consigo um sobrenome: Bratke. Dois irmãos arquitetos que apostaram naquela região para ganhar dinheiro, trazendo empresas que pagavam altos aluguéis na região da Avenida Paulista.

Sua criação teve a finalidade de cobrir um dreno e ela era uma avenida que “ligava o nada ao lugar nenhum”, nas palavras de Carlos Bratke.  Desde então a avenida cresceu, os prédios desenhados pela dupla de irmãos deixaram de ser referência do local, trinta anos se passaram e hoje, por muito pouco, a avenida quase volta a ligar o nada ao lugar nenhum, só que não mais por conta de seu traçado.

Circundada por ruas estreitas, aonde velhas casas foram substituídas por prédios cada vez mais altos, e muito próxima de um dos pontos mais críticos da Marginal Pinheiros, a avenida hoje não suporta mais o volume de carros que recebe. Não raro os trabalhadores da região levam trinta minutos só para sair das garagens dos prédios, vários andares abaixo do solo.

Na tentativa de diminuir o estrangulamento do local o governo tomou poucas medidas, um pouco contraditórias, é verdade: a chegada de uma estação de trem e a retirada de circulação no local dos ônibus fretados. Enquanto a primeira ação não tem capacidade de melhorar o atendimento de grande parte da população pela linha não ser interligada as principais linhas de metrô, a seguinte foi tomada porque as estreitas pistas – desenhadas para carros – faziam com que cada ônibus ocupasse mais de uma faixa em cada parada.

Do outro lado entregou a Ponte Estaiada que fez com que um volume ainda mais de carros fosse derramado na avenida e que não pode ser utilizada nem por pedestres nem por ciclistas.

Sem sombra de dúvida, na cidade que não para nunca, esta é a região em que as pessoas mais ficam paradas. E o problema é maior que uma pessoa decidindo mudar sua vida, ao optar por uma bicicleta, por exemplo, porque é preciso estrutura: poucos são os prédios que dispõem de bicicletário (na verdade eu até queria citar aqui os que eu tem, mas não achei), a avenida e as ruas de seu entorno não possuem paraciclos, não existe uma ciclovia (prevista no projeto inicial), as empresas não dispõem de vestiários.

Enquanto o governo não se mexe, um grupo de pessoas resolveu correr atrás e criou a Ação Pegada Berrini, cujo objetivo é buscar soluções de mobilidade sustentável para a região hoje tomada por carros. E, quem diria, a ideia tem a ver com a velocidade das galinhas: um estudo mostra que uma galinha é mais rápida que os carros na avenida no horário do rush.

Em 09 de Dezembro o grupo promoveu um flashmob de galinhas na avenida, com participação de Renata Falzoni (adoro ela e a Soninha falando sobre o fato de que o carro foi pensado como solução, mas se tornou toneladas de ferro, carregando 50 quilos de pessoas em uma velocidade menor que de uma galinha):

Após o flashmob de sucesso, o pessoal se reuniu no 1º Fórum Pegada Berrini de Soluções de Mobilidade. Num dia em que a chuva complicou ainda mais o trânsito da cidade, o assunto se tornava ainda mais necessário.

Para quem mora ou trabalha na região e quer ajudar nessa batalha eu sugiro seguir o twitter da Ação Pegada Berrini e o blog Mobilidade Urbana Sustentável. No blog você encontra a ata gráfica do que foi discutido no fórum e, também, vídeos com a apresentação de Eduardo Jorge, o secretário do Verde e Meio Ambiente do município.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

3 Comentários


  1. Parabéns pelo site, embora tenha sido há quase dois anos atrás, de lá pra cá, com certeza, só piorou!
    Seu site me ajudará com uma pesquisa importante para um projeto que estou desenvolvendo sobre a região da berrini. Tendo isso em vista, gostaria de manter contato para conversarmos mais.

    Grato.

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