Eu Tenho a Última Temporada

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Estou ensaiando já há duas semanas escrever por aqui sobre a peça de teatro Eu Tenho a Última Temporada, que estreou em São Paulo no início do mês depois de dois anos de sucesso em Brasília.

A peça não é hilária, mas tem tiradas que fazem com que os fãs de seriados se reconheçam no palco e nisso mora seu charme. Mas é nisso que também mora um pouco da irritação de quem não é fã e nos acompanha na empreitada – maridos vão para o céu, você sabiam?

Demorei tanto para escrever que o Gustavo Miller foi mais rápido que eu e acabou escrevendo o ótimo texto abaixo:

– Não é fácil ser fã das séries de TV americanas. Todo mês surge uma nova irresistível. E basta começar a assistir a uma para emendar com outra. Daí, quando se vê, já são mais de dez para acompanhar. E piora. Pois você quer conhecer aquelas que já estão no quinto ano. Então se aluga uma caixa com seis DVDs de 24 episódios, prontos para serem devorados nas madrugadas dos fins de semana. Vida social para quê, não é mesmo?

Se o leitor se identificou com esse parágrafo, que também não deixa de ser um leve desabafo deste repórter, vale a pena conferir a peça Eu Tenho a Última Temporada!. Em cartaz em São Paulo, no Teatro Bibi Ferreira (www.teatrobibiferreira.com.br), a comédia do grupo brasiliense De 4 Naipes tira um baita sarro dos viciados em séries.

A história é assim: um casal está com o seu casamento em crise. Ronaldo Geraldo não trabalha mais, vive trancafiado em casa vendo seriados e gasta todo o seu (resto de) salário na compra das temporadas. Sua mulher o encaminha para o VAS (Viciados Anônimos em Seriados), onde ele terá a companhia de Loreno e Regininha, uma morena que pensa ser guarda-vidas de Baywatch.

A internação não dá certo e Ronaldo Geraldo tem uma overdose – de séries. Ao ser levado para o hospital, é operado pelo Dr. House, que esquece um celular dentro do paciente! O erro médico rende a Geraldo mais oito meses de vida – tempo insuficiente para acompanhar o último episódio de Lost.

Desesperado, ele vende sua alma para para Warner Corporationy da Fox Sony, um maluquete que escondeu no mundo dos seriados um DVD que contém o último episódio da trama de J.J. Abrams. E nessa, Geraldo não entra apenas no universo de Lost, mas também no de Heroes, Smallville, Friends, Sex & The City e 24 Horas.

A comédia, criada em 2007, ficou dois anos em Brasília e chegou a São Paulo no começo de maio (fica até julho). O texto é meio confuso e tem momentos bizarros – um homem aparece pelado por um segundo! “A peça usa um pouco o formato de Lost. Ele propicia a comédia, acontecem muitas coisas surreais”, justifica Flávio Nardelli, diretor e um dos autores de Eu Tenho a Última Temporada!.

A comédia pode ser acompanhada por quem não é um grande fã de seriados. Porém, os melhores momentos são as referências espalhadas pelo roteiro. “São nesses pequenos detalhes que o público entra em êxtase”, diz Nardelli.

Curiosamente, os atores não eram fanáticos pelos ditos enlatados antes da comédia ser criada. Quem serviu de inspiração foram os próprios amigos, que só falavam do Locke, do Jack Bauer e da Carrie Bradshaw.

Vira e mexe o roteiro sofre alterações. Sabe como é: todo mês surge uma nova série irresistível. Daí o público cobra que ela entre na peça.

Leia o original aqui.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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