O detrimento da mensagem em razão da forma

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Se tem algo que a internet fez foi colocar toda a qualquer discussão em uma nova dimensão, não importa se é o aparecimento de uma nova estrela de forma inesperada, se é um comercial que as pessoas não gostaram, se é uma entrevista que teve respostas infelizes.

Tudo com mil canais para ser discutido: comunidade no Orkut, tag no Twitter, posts em blogs dos mais variados temas.

Acho isso maravilhoso – embora assustador. Só me incomoda, por vezes, o discurso politicamente correto demais, formulado demais, tudo muito preto ou branco, tudo muito sem margem para argumentos inteligentes.

São raros os casos em que alguém escreve sua opinião sobre algo para, logo em seguida, não ser bombardeado por comentários, naquele que deveria ser seu espaço, questionando seu ponto de vista ou a base para sua visão. Isso quando não acontece de você simplesmente ser chamado de louco – eu já fui um sem número de vezes.

A contrapartida é ver um monte de blogs que emitem exatamente a mesma opinião sobre tudo, falam exatamente as mesmas coisas e recebem apoio de quem escreveu antes, ou vai escrever depois, como uma pequena comunidade unida.

Eu acho que tem um monte de assunto que é controverso e que a gente só ganha se manter a discussão aberta. E acho que nada na vida é tão definitivo assim – só a morte – que não mereça uma segunda olhadela de nossa parte.

Falta praticar respeito e condescendência – de forma positiva. Falta entender que ninguém é dono da verdade.

Mãe não vem com manual de instruções e a grande maioria batalha muito para fazer um bom trabalho – e sofre quando lê que se fez cesárea é menos mãe ou se deu um tapa é uma descontrolada – sofre e se culpa, como se ser mãe já não trouxesse já o bastante de culpa consigo.

Nem toda brincadeira de mau gosto tem uma mensagem negativa por trás, na maior parte das vezes a pessoa só teve mau gosto mesmo; não é o fato de você ter deixar seu filho jogar vídeo game que vai torná-lo um assassino, às vezes ele só está se divertindo; comer ovo ou chocolate não vai fazer com que você morra mais rápido, a não ser que você só coma isso e muito; só porque a propaganda só tem menina magrinha e bonitinha não significa que o criador desvaloriza todas as outras mulheres.

No último Dia das Mães a Claro fez um comercial que falava sobre ser mãe, sobre as coisas que só mãe faz. É claro que no finalzinho eles vendiam seu produto prometendo mais tempo para sua mãe falar com quem quisesse.

Eu achei a propaganda uma fofura, principalmente porque ela falava de coisas que minha mãe me disse que eu passei a fazer somente depois de ser mãe. Mas é claro que um monte de gente achou horrível, exploração da data e tudo mais.

É exploração da data? Nem isso, do sentimento? É, mas pelo menos a mensagem foi bonita. A mensagem elogiou coisas que muitas vezes passam despercebidas, porque nada é mais difícil do que uma mãe ser elogiada pelo fato de ser mãe – como se, a partir do momento em que você dá a luz todo o resto vira obrigação e nem agradecimento a mãe recebe.

Falando ainda de propaganda, tem uma do Boticário que eu acho linda, que fala de como a beleza muda o mundo. E sim, tem gente falando mal dela por aí, por isso e por aquilo outro.

Eu acho que beleza muda o mundo sim e, se não mudar o mundo, é capaz de mudar a gente. Que mulher, num dia mais ou menos, não usou um batonzinho para melhorar o humor? Que mulher já não se maquiou e ficou orgulhosa depois ao se ver no espelho?

Não, quem faz isso não é mais vazia que as outras. Essa é apenas uma parte da teia complexa de pensar e sentir que forma uma pessoa. E uma pessoa realmente realizada não dá menos importância para nenhuma dessas partes que ela tem.

Eu prefiro continuar olhando tudo pelo lado positivo: curtir uma propaganda engraçada ou bonita; acreditar que Susan Boyle é real e que outras como ela podem surgir; acreditar que meus pequenos erros como mãe serão compensados pela minha imensa vontade de fazer o certo e pelo imenso amor que sinto; que a sacola de tecido que eu levo ao mercado realmente faz alguma diferença; que amizades podem ser verdadeiras e que a felicidade pode real.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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